Há mais de um ano que eu venho aqui escrever. Eu nunca imaginei que a tristeza me fosse assim, tão inspiradora.
Eu lembro, minuciosamente, daquele último dia. O dia em que tudo acabou. Era uma dor insuportável, uma dor que era só minha e não me adiantaria nada gritar, falar sobre o assunto, as pessoas ao meu redor não entenderiam, não aceitariam. E as minhas amigas pediriam para que eu não borrasse meu rímel.
Eu só tinha uma caneta e uma folha de papel ao meu alcance. Os primeiros textos eram borrados, cheios de palavras repetidas, mágoas e sempre, sempre molhados. Depois surgiram os textos de saudade. E então, a dor se transformou em esperança. E eu te fiz presente em mim por meio das lembranças escritas.
E você me dizia com esse jeito sonso que achava meus textos bonitos. Sem se dar conta de que cada vírgula era por você e para você. Sem se dar conta que cada um daqueles textos que você admirava tinham como resultado olhos inchados, mãos trêmulas, coração sangrando e uma mulher cansada de chorar, de amar, de esperar.
E eu que pensava que escrever era desabafo, que iria me deixar mais leve, iria me deixar melhor. Mentira!!! Não há nada pior e mais doloroso do que reviver lembranças para torná-las escritas. Quanto mais eu escrevo, mais eu lembro e mais eu sofro.
Me disseram que a gente não se acostuma com o que não faz bem. Então eu pergunto: "Por que continuar aqui?"