quarta-feira, 20 de julho de 2011

Um ponto sem conversa

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Ele chegou mudo. Tentei puxar assunto tagarelando sobre o meu dia e a dúvida sobre o cardápio para o nosso almoço de domingo. Ele não respondeu, disse que precisava de um banho pra esfriar a cabeça. E foi aí que meu sexto sentido despertou para a posição de alerta. Saiu do banho cabisbaixo, passou pela cozinha e não veio beliscar a comida. "Alguma coisa tá errada", eu pensei. O chamei para jantar e ele disse que não estava com fome, eu me sentei em uma das cadeira da sala de jantar, as pernas estavam bambas, uma angústia no peito e a certeza de que realmente alguma coisa estava errada. Foi então que ele disse em voz baixa: "Precisamos conversar."
Eu desabei. Essas palavras nesse contexto não era um bom sinal. Minhas pernas estavam trêmulas, meu estômago revirado e o coração disparado... Ora, eu não sou nenhuma iniciante, já passei por isso e sabia no que iria dar.
Reagi na hora. Levantei subitamente da cadeira, peguei minha bolsa e sai. Antes que eu batesse a porta ele me perguntou pra onde eu estava indo. "Vou ali, não se preocupe porque eu vou demorar, você vai ter tempo." Respondi e sai em disparada sem olhar pra trás, sem nem mesmo saber que rumo tomar.
Andei muito, me distanciei o máximo de casa, mas meus pensamentos continuavam lá. Na volta o coração sangrava a cada passo, tive tanto medo, medo de voltar, de descobrir a verdade. Mil perguntas se passavam na minha cabeça: "Será que ele usou o tempo pra pensar ou pra fazer as malas?" "Será que acabou?" "O que ele queria me dizer?" "Não era melhor ter ficado para ouvir?"...
Parei em frente à porta, respirei fundo e a abri lentamente e lá estava ele a me esperar... mais uma vez o vazio dos pontos finais.

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