segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Olhos de Vidro

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E eu chorei, chorei, chorei até sentir o gosto salgado das minha lágrimas e perceber que esse mar de sentimento aqui dentro ainda é teu. E isso me dá tanta raiva por me fazer perceber que, ao contrário do que eu pensava, não sou doce, sou salgada. E que poderia ser um riozinho, abalado pelo assoreamento, mas não, é um mar de águas fortes e geladas. Até quando isso vai durar? E por que foi tão intenso e avassalador comigo? Por que pra mim veio como uma tempestade, enquanto pra você não chegou nem a ser brisa?
Você sempre fingiu tão bem e eu lembro daquela companhia de teatro que veio à cidade e você me convidou para experimentar os palcos. Me recusei, lembra? Nunca soube fingir sentimentos, essa arte era toda tua. Não sei dizer ao certo se algum dia você me falou a verdade, mas nunca me liguei muito para o que você dizia, minha atenção sempre foi voltada para os teus olhos, e eles sempre foram tão reais que isso pra mim por si só já bastava, mas não era o suficiente, não. Você mentia com os olhos também.

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